Guerra na Ucrânia: a corrida para sair da Rússia após Putin convocar reservistas para combate

Depois que o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na quarta (21) uma mobilização parcial de tropas adicionais para lutar na Ucrânia, um clima de agitação se instalou na Rússia.
Putin disse que cerca de 300 mil reservistas serão convocados para reforçar as tropas russas lutando na Ucrânia.
Após o anúncio, milhares de manifestantes saíram às ruas em diferentes cidades russas e mais de mil pessoas foram presas.
Nesse contexto, em vez de protestar, parece que muitos russos estão pensando em deixar seu país para evitar serem enviados para a linha de frente.
Um exemplo disso é que as passagens aéreas para países onde os russos não precisam de visto esgotaram ou atingiram preços astronômicos.
Os voos diretos de Moscou para Istambul, na Turquia, e Yerevan, na Armênia, esgotaram na quarta, sem mais disponibilidade até o próximo domingo, segundo dados do Aviasales, o site de reservas de voos mais popular da Rússia.
Algumas rotas com escalas, incluindo as de Moscou para a capital georgiana Tbilisi, também não estavam disponíveis, enquanto os voos mais baratos para Dubai custavam mais de 300 mil rublos (cerca de R$ 24,8 mil), informou a Reuters.
Outro destino popular entre os russos é a capital sérvia, Belgrado, onde os cidadãos russos também não precisam de visto. Essa rota também entrou em colapso devido à demanda por passagens, apontam vários meios de comunicação.
Travessia por terra
Depois que Putin anunciou a mobilização parcial de tropas, as conversas no Telegram sobre sair da Rússia começaram a se encher de perguntas sobre se os homens estavam sendo autorizados a deixar o país por fronteiras terrestres.
"Estávamos preocupados sobre como atravessaríamos a fronteira. Mas não houve problemas, não havia filas", disse à BBC Alexander, que deixou seu país pelo posto de controle em Vladikavkaz e entrou na Geórgia.
Ele afirma que saiu da Rússia de carro com mais três amigos. Dois deles são homens de 35 e 29 anos.
Alexander e um de seus amigos são reservistas, mas, segundo ele, os guardas de fronteira russos não estavam interessados nessa informação na quarta-feira.
Nem o presidente Vladimir Putin em seu discurso na quarta-feira, nem o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disseram nada sobre se os homens sujeitos à convocação seriam impedidos de deixar a Rússia.
Advogados entrevistados pelo serviço russo da BBC discordam sobre se a lei proíbe os homens de viajar para o exterior em condições de mobilização parcial de tropas.