Djokovic vence na Justiça australiana, mas ainda pode ser deportado

A apelação de Novak Djokovic à Justiça
australiana após ter sido barrado na sua chegada em Melbourne deu certo. Em
audiência realizada nesta segunda-feira, o sérvio ganhou, através de decisão do
juiz federal Anthony Kelly, o direito de entrar no país e disputar o Aberto da
Austrália. Ele considerou a decisão de barrar o tenista "irracional".
O juiz ordenou que Djokovic fosse libertado
em 30 minutos e que seu passaporte e outros documentos pessoais fossem
devolvidos a ele, reacendendo a oferta do número um do mundo para ganhar o 21º
título de Grand Slam recorde no próximo Aberto da Austrália.
O
advogado do governo australiano, Christopher Tran, no entanto afirmou que,
mesmo com a decisão, o ministro de Imigração, Cidadania, Serviços a Imigrantes
e Relações Multiculturais, Alex Hawke, pode usar seus poderes especiais para
cancelar o visto e deportar Djokovic. Caso isso aconteça, o sérvio pode ficar
sem poder entrar no país por três anos.
JUSTIÇA - O governo australiano ainda tentou
protelar o julgamento, pedindo à Justiça o adiamento da audiência para
quarta-feira, mas o juiz Anthony Kelly negou. A tentativa ocorreu no sábado,
após os advogados do tenista apresentarem documentos - um teste PCR realizado
no Instituto de Saúde Pública da Sérvia - que provariam que ele testou positivo
para covid-19 no dia 16 de dezembro, situação que, segundo a defesa, daria
permissão para entrar na Austrália sem estar vacinado.
O
problema é que, se o adiamento fosse concedido, Djokovic perderia o prazo para
confirmar sua presença no Aberto da Austrália - começa dia 17 e vai até o dia
30. Kelly considerou que tal situação poderia causar dano irreversível ao
tenista sérvio.
Djokovic estava retido na Austrália desde a
manhã de quinta-feira. Ele chegou ao país na noite da véspera, mas acabou
barrado no aeroporto ao apresentar um atestado de isenção de vacina, que não
foi reconhecido como válido pelas autoridades.
De
acordo com documentos apresentados ao Tribunal Federal, Djokovic foi
questionado por 20 minutos sobre as provas para sua isenção da vacina. Depois
de 4 horas, os agentes consideraram que ele não tinha provas suficientes. O
tenista pediu para descansar antes de acionar seus advogados. Mas às 7h42 de
quinta-feira foi acordado e comunicado do cancelamento do visto.
Depois de ficar cerca de oito horas no
aeroporto e ter seu visto cancelado, ele foi colocado em um hotel especial da
imigração australiana, reservado a refugiados, onde esperou a audiência. Os
defensores do tenista e a primeira-ministra da Sérvia, Ana Brnabic, chegaram a pedir
à Justiça australiana que ele pudesse ficar no imóvel que alugou para o período
do Aberto da Austrália.
A
solicitação foi negada. Brnabic ao menos assegurou que Djokovic recebesse
alimentação sem glúten e alguns aparelhos para que pudesse se exercitar no
hotel.
CATIVEIRO - A negativa a Djokovic em deixar o
Hotel Park, porém, fez aumentar a irritação do pai do atleta. "Eles
crucificaram Jesus e agora estão tentando crucificar Novak da mesma forma,
forçando ele a ficar de joelhos. Eles levaram todas as suas coisas e sua
carteira. Ele é um prisioneiro", bradou Srdjan Djokovic, conhecido por
suas declarações polêmicas.
O
governo sérvio também protestou e o caso acabou ganhando forte conotação
política. O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, disse na quinta-feira que
Djokovic estava sendo vítima de "uma perseguição política, da qual
participam todos, incluindo o primeiro-ministro da Austrália (Scott Morrison),
fingindo que as regras são válidas para todos."
Melbourne onde o tenista está retido, seus
fãs criticavam o autoritarismo australiano pediam para que o cancelamento do
visto fosse anulado e que a permissão especial para que ele entrasse no país
para disputar o Aberto da Austrália - concedida pelo do governo estadual de
Victoria atendendo à organização do torneio - fosse revalidada.
Mas
o governo do país manteve sua posição. "O visto do Sr. Djokovic foi
cancelado. Não há casos especiais, regras são regras, principalmente quando se
trata das nossas fronteiras. Ninguém está acima destas regras. Nossa rígida
política de fronteira foi essencial para a Austrália apresentar um dos menores
índices de morte por covid-19 no mundo", rebateu Morrison, criticado pelos
australianos pela maneira como o governo estava conduzindo o caso.
Ainda assim, a pressão dos fãs australianos
do tenista prosseguiu. Ontem, nova manifestação ocorreu na porta do hotel.
Novak Djokovic agradeceu o apoio.
Fonte Correio Braziliense