Confira os principais pontos do depoimento de Anderson Torres à PF

O depoimento do ex-ministro Anderson Torres terminou nesta segunda-feira, 8, na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, depois de duas horas. Na ocasião, Torres foi convidado a explicar a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno da eleição presidencial.
A defesa do ex-ministro informou que a oitiva “ocorreu dentro da normalidade”. “Anderson Torres compareceu à sede da PF, renunciou ao seu direito constitucional de ficar silêncio e respondeu a todos os questionamentos formulados”, comunicou o advogado Eumar Novacki.
O ex-ministro teria mandado a Polícia Rodoviária Federal (PRF) bloquear as rodovias no Nordeste no segundo turno eleitoral a fim de impedir os eleitores do então candidato à Presidência Lula de votarem. Torres viajou à Bahia em 24 de outubro. Um dia depois, ele teve um encontro com o superintendente da PF da Bahia, Leandro Almada da Costa.
O motivo da viagem seria um Boletim de Inteligência (BI) que indicava os municípios onde o petista tinha preferencia eleitoral. O documento foi elaborado pela delegada Marília Alencar, que integrava a Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça na época.
De acordo com as investigações, o relatório seria usado para Torres saber exatamente onde os bloqueios deveriam acontecer. À PF, Marília confirmou a autoria do BI, mas disse não saber para qual fim ele seria usado.
A Oeste, a defesa de Torres informou que a ideia da viagem à Bahia partiu do então delegado-geral da PF, Antônio Lorenzo. O delegado queria que o então ministro visitasse a “obra” da superintendência da PF no Estado.
“Não houve ‘determinação’ para atuação conjunta entre PF e PRF”, explicou a defesa. “A Marília apresentou o BI ao Anderson, que não o compartilhou com a PRF, nem com o superintendente.”
De acordo com a defesa, Torres “jamais interferiu nos planejamentos operacionais da PF e da PRF, que inclui blitzes ou abordagens”. Além disso, que a “única preocupação” do então ministro era “combater os crimes eleitorais, independentemente de candidatos ou partidos”.
Anderson Torres na prisão
O ex-ministro está preso desde 14 de janeiro por suspeita de omissão nos atos do 8 de janeiro. A defesa alega que Torres está com problemas de saúde e, por isso, pede que a prisão preventiva seja revertida em prisão domiciliar. Em 28 de abril, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, negou o regime aberto a Anderson Torres.
Os advogados do ex-ministro argumentaram que os requisitos para a prisão preventiva — que são a garantia da ordem pública e econômica, a conveniência da instrução processual e para assegurar a aplicação da lei penal — não estão presentes.
Além disso, que o prazo previsto para a conclusão do inquérito, de 81 dias, no Código de Processo Penal, também já se esgotou.
Fonte Revista Oeste